A série Copa na Imprensa fala hoje do último mundial do século XX disputado na França.
A última Copa do Mundo do século foi a primeira com 32 seleções. No fim das contas a França fez a festa dentro de sua casa 60 anos depois de sediar o mundial.
O Brasil por ter sido campeão não disputou as eliminatórias e havia uma confiança exagerada antes da Copa de 98. Zagallo seria o treinador que levaria o Brasil ao penta e as esperanças dos brasileiros foram depositadas nas chuteiras do jovem Ronaldo Nazário, na época Ronaldinho que havia sido duas vezes o melhor jogador do mundo e havia expectativa para a dupla Ro - Ro pois Romário, o herói do tetra formaria uma dupla imbatível, mas o baixinho teve um contusão que evoluiu para um edema faltando menos de 40 dias para a estreia e diante de contradições acabou sendo cortado.
A estreia do Brasil foi contra a Escócia e por ser o campeão do mundo vigente abriu a Copa de 98 no Stade de France em 10 de junho. Saímos na frente com o gol de César Sampaio, tomamos o empate no pênalti convertido por Collins, mas vencemos com gol contra de Boyd em jogada de Cafu.
O segundo jogo foi contra a seleção do Marrocos no estádio La Beaujoire em Nantes. Ronaldo fez o seu primeiro gol em Copas, Rivaldo e Bebeto fizeram os outros gols, mas o jogo em si ficou marcado pela forte discussão entre Dunga e Bebeto o que deu sinais de que o grupo estaria desunido.
O último jogo foi contra a Noruega no estádio Velodrome em Marselha. Saímos na frente com o gol de Bebeto, mas tomamos a virada com Tore Andre Flo e Rekdal em cobrança de pênalti. No lance que originou a penalidade o zagueiro Júnior Baiano puxou a camisa de Flo dentro da área, inicialmente as câmeras da transmissão oficial não flagraram o ato, mas imagens feitas por uma televisão da Suécia ajudaram a esclarecer o lance.
Mesmo classificado para as oitavas o ambiente estava pesado no lado da seleção e os jogadores lavaram roupa suja antes do treino e a coisa fluiu. Nas oitavas contra o Chile no Parque dos Príncipes Ronaldo e César Sampaio com dois gols cada resolveram a parada.
Nas quartas o Brasil voltou a Nantes para encarar a Dinamarca e os nórdicos saíram na frente numa cobrança rápida surpreendente com Jorgensen, mas o Brasil ainda virou no primeiro tempo com Bebeto e Rivaldo. No segundo tempo a Dinamarca empatou numa bicicleta furada de Roberto Carlos numa falha infantil a bola sobrou para Brian Laudrup empatar, mas aí Rivaldo numa linda jogada decidiu e de novo estávamos na semifinal.
E então veio uma semifinal de tirar o fôlego contra a Holanda em Marselha. O Brasil foi melhor no primeiro tempo e no começo do segundo tempo abriu o placar com Ronaldo, poderia ter matado o jogo e perto do fim do jogo a Holanda empatou com Patrick Kluivert. Na prorrogação com morte súbita as duas seleções tiveram chance de matar o jogo, mas o jogo foi pros pênaltis e aí brilhou a estrela de Taffarel. Ele pegou duas cobranças, a de Philip Cocu que virou meme clássico com a histérica narração de Galvão Bueno: Vai partir Cocu, perna esquerda. Ele e Taffareeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeel! e a de Ronald de Boer. Estávamos de novo na final.
Até aí tudo era alegria, expectativa e esperança, pois o penta estava mais perto só que na manhã do dia 12 de julho apareceu um adversário improvável e pegou logo quem? Ronaldo. Mesmo marcando gols e sendo de fundamental importância nosso melhor jogador foi pego pelo stress e pressão exagerada e teve convulsões antes da decisão contra a França. O jogador saiu da concentração em Lesigny e foi direto à uma clínica em Paris sendo liberado. Ronaldo entrou em campo, mas jogou de forma apática assim como o time.
A França jogando em casa foi melhor e chegou a vitória de 3 x 0 e pela primeira vez era campeã e nós tinhamos um novo pesadelo chamado Zinedine Zidane. O craque francês fez dois gols de cabeça no primeiro tempo e a França fechou a tampa do caixão com Petit. O Brasil sofria sua maior derrota em Copas até então, mal sabíamos que 16 anos depois e em casa iríamos sofrer a maior derrota, só que isso é assunto mais pra frente.
Minha última Copa quando morava no Conjunto G da 3 foi marcante até porque nessa época meu irmão colocou NET pra ver os jogos da Copa e nos dias de jogo do Brasil colocamos a TV na área de fora e assistimos os jogos exceto o jogo contra a Noruega, até porque foi num dia de tristeza nacional com a morte do cantor sertanejo Leandro e lembro bem do dia e não havia clima pra torcida, na final então nem se fala. Foi um clima de tristeza coletiva com a derrota. Tentei colecionar os jornais, mas só tive a coleção completa do Correio Braziliense e mais uma vez tenho de lamentar a inoperância por parte da Hemeroteca da Biblioteca Nacional e os Diários Associados em não disponibilizar o acervo dos anos 90 na qual necessito há três anos.
Nessa Copa os meios de comunicação fizeram uma cobertura que prometia ser épica. A revista Placar repetiu 94 e lançou seis revistas pós jogo do Brasil todas feitas na França. As vendas não tiveram efeito positivo e não cobriram os custos de produção, a revista Manchete fez sua última cobertura de Copa do Mundo pois depois dessa Copa o Grupo Bloch entrava em parafuso e numa reação em cadeia foi desmoronando em razão da derrocada da Rede Manchete que fez também sua última cobertura de mundial. Veja e a então recém lançada revista Época anunciaram edições extras caso o Brasil fosse penta, mas tudo ficou pra 2002, a Folha lançou seu caderno com projeto gráfico revolucionário assinado por Vincenzo Scarpellini. Os fotógrafos enviados pelos órgãos foram os seguintes: Cláudio Versiani e Luís Tajes pelo Correio Braziliense, Hipólito Pereira, Ivo Gonzalez e Cezar Loureiro pelo jornal O Globo, no Jornal do Brasil foram Alaor Filho, Evandro Teixeira e Paulo Nicolella, no Estadão Fábio M.Salles, Orlando Kissner e Wilson Pedrosa estiveram presentes de novo com Paulo Pinto, Epitácio Pessoa e Célio Júnior, na Folha foram Jorge Araújo, Juca Varella, Ormuzd Alves e Eduardo Knapp, pela revista Veja o fotógrafo foi Paulo Jares, Juca Rodrigues pela Istoé, Masao Goto Filho que documentou o tetra pelo Estadão estava de novo na cobertura da Copa, agora pela revista Época, Sérgio de Souza pela Manchete, Pisco del Gaiso, Ricardo Correa e Alexandre Battibugli pela Placar
- Campeã: França. Foi um título inédito para o país depois de tentativas frustradas de gerações anteriores. No time comandado por Aimé Jacquet o grande destaque foi Zinedine Zidane, o maestro e que na final fez dois gols de cabeça.
- Vice - campeão: Brasil. Com a base que ganhou o tetra a equipe dirigida por Zagallo era apontada como favorita, mas antes da Copa perdeu Romário e Ronaldo era a esperança até que horas antes da final o nosso melhor jogador teve convulsões e depois de ser liberado entrou e jogou de forma apática junto do time que acabou sofrendo aquela que seria a maior derrota até então (3 x 0 pra França, seria superada em 2014 com o infame 7 x 1 da Alemanha).
- Países participantes: 32
- Gols: 171 - média de 2,67 por partida
- Jogos: 64
- Artilheiro: Davor Suker (Croácia) - 6 gols
A série prossegue no dia 12 de outubro e para relembrar o pentacampeonato da seleção no outro lado do mundo.
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