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A Copa na Imprensa: Enfim, o tetra libertador

A série Copa na Imprensa hoje está em festa, afinal é dia de relembrar uma das Copas que me marcaram, aliás a Copa que marcou muitos brasileiros pois foi a Copa que nos tirou de um jejum incômodo de 24 anos. Estou falando da Copa do Mundo de 1994 nos Estados Unidos.

1994 – Estadão

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Uma Copa que por si só já é histórica até porque foi a última a ser disputada por 24 seleções e trouxe novidades. A primeira delas: as vitórias valendo 3 pontos, a segunda com todos os jogadores no banco de reservas e a terceira: os nomes dos jogadores aparecendo nas costas. 

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Como um gol contra na Copa de 1994 levou ao assassinato de Andres Escobar

A Copa ficou também marcada pelo assassinato do jogador Andrés Escobar da seleção da Colômbia. Ele foi morto por ter marcado gol contra na partida contra os Estados Unidos, pois os colombianos chegaram como favoritos, mas acabaram sendo eliminados na primeira fase. 






O Brasil depois do fiasco na Itália trocou de técnico saindo Sebastião Lazaroni e entrando Paulo Roberto Falcão, mas o Rei de Roma fracassou e a experiência durou um ano. A CBF então chamou Carlos Alberto Parreira para ser o treinador e Zagallo assumiria a função de coordenador técnico. Mas nem tudo foi tranquilo para a dupla. Em 1993 o Brasil perdeu pela primeira vez nas Eliminatórias: derrota na sempre temida altitude de La Paz para a Bolívia e para salvar a pele trouxe o baixinho Romário que esqueceu os atritos e resolveu com dois gols no jogo contra o Uruguai classificando o Brasil para a Copa. No sorteio das chaves caímos no Grupo B com Rússia, Suécia e Camarões.











A estreia do Brasil foi contra a Rússia no estádio da Universidade de Stanford em Palo Alto. A arrancada para o tetra começou com uma boa vitória de 2 x 0. Romário abriu o caminho da vitória e Raí marcou de pênalti.










O segundo jogo do Brasil foi contra a seleção de Camarões. Os leões indomáveis que encantaram o mundo em 90 não ressitiram ao jogo da seleção que venceu por 3 x 0. Romário abriu o placar, o zagueiro Márcio Santos marcou o segundo e Bebeto fechou o placar.










Já classisifcada em primeiro na chave a seleção foi até a cidade de Detroit, capital do automóvel jogar contra a Suécia no estádio Pontiac Silverdome, um estádio coberto que foi demolido em 2017. A torcida ficou coberta de vergonha com o futebol apresentado pela seleção. Saímos atrás com o gol de Kenneth Anderson, mas Romário, sempre ele marcou de bico o gol do alívio. 











O Brasil tinha pela frente a seleção dona da casa e num dia festivo, o 4 de julho, dia da independência americana. O jogo foi sufocante pois o Brasil seguia errando e pra piorar o lateral Leonardo acerta uma cotovelada em Tab Ramos e é expulso. O suplício só acabou porque tinha Romário que em jogada individual serviu Bebeto que fez o gol sofrido e a dupla infernal entrou em ação.














Nas quartas de final em Dallas o Brasil encarou a Holanda no melhor jogo do mundial. Depois de um primeiro tempo empolgante o jogo no segundo tempo foi alucinante. O Brasil abriu 2 x 0 com Romário, sempre ele e Bebeto que na comemoração junto de Mazinho e Romário fez o gesto embala neném em razão do nascimento de Matheus, mas a Holanda não estava entregue, reagiu e buscou o empate com gols de Bergkamp e Winter, só que pintou um herói improvável. O lateral Branco sofreu uma falta na entrada da área e cobrou a falta. A bola fez um efeito e Romário desviou as costas. Gol da classificação e o Brasil volta a uma semifinal.










Hora de acertar as contas com a seleção da Suécia na semifinal em Los Angeles. Foi o jogo de um só time. O Brasil criou as chances, teve mais volume de jogo e o gol só saiu no segundo tempo. Na bola cruzada por Jorginho quem diria o baixinho subiu mais que os grandalhões zagueiros suecos pra meter a bola no fundo da rede.




























E então veio a grande final. Como em 1970 Brasil e Itália decidindo pra ver quem seria o primeiro tricampeão do mundo, na ocasião valia a posse definitiva da Jules Rimet que ficou como todos sabemos com o Brasil, agora 24 anos depois as duas seleções voltam a decidir o mundial no Rose Bowl em Pasadena. Sob o sol californiano do meio dia o jogo não foi dos melhores, pois a Itália tinha seus dois melhores jogadores (Baggio e Baresi) sem condição de jogo e tiveram de jogar no sacrifício. O Brasil teve melhor preparo físico, mas faltou o gol e na melhor chance Romário perde o gol mais feito. Depois de 120 minutos pela primeira vez uma Copa do Mundo seria decidida nos pênaltis. Logo no primeiro pênalti italiano o capitão Franco Baresi manda a bola por cima do gol, mas a alegria duraria pouco pois Márcio Santos cobra e o goleiro Pagliuca defende. Albertini, Romário, Evani e Branco converteram até que veio a cobrança de Massaro e aí Sai que é sua Taffarel. O goleiro brasileiro salta no canto e pega a cobrança do italiano. Dunga coloca o Brasil na frente convertendo a cobrança e aí veio o momento de êxtase na cobrança de Roberto Baggio que chuta pra fora. O Brasil é tetra! Depois de 24 anos enfim o Brasil é campeão mundial de futebol e a festa é completa com uma bonita homenagem ao piloto Ayrton Senna que havia morrido na Itália no GP de San Marino dois meses antes. Dunga ergue a taça de campeão com xingamento aos fotógrafos. 


A festa do tetra ficou marcada pela confusão e pela muamba pois a delegação voltou dos Estados Unidos com malas e bagagens recheadas de mercadorias que não foram declaradas por não pagarem imposto. A seleção voltou e fez escalas em Recife, Brasília onde foram recebidos no Palácio do Planalto pelo presidente Itamar Franco e depois no Rio e em São Paulo.

Ah Copa de 1994, como não esquecer essa Copa quando tinha de 16 para 17 anos. Pela primeira vez via o Brasil ser campeão e colecionei os jornais aqui reproduzidos, não tive todos mas colecionei e juntei tudo pra formar um álbum de fotos parecido com uma revista sobre a conquista. Assisti seis dos sete jogos na casa dos meus tios no Conjunto F da 3 exceção feita a Brasil e Holanda e estive na chegada da seleção no Palácio do Planalto. 


A Copa de 94 ficou marcante nos veículos de imprensa por novidades. Pela primeira vez um órgão de imprensa fazia fotos digitais e essa primazia coube ao jornal O Estado de S.Paulo que já circulava todos os dias e em cores. A revista Placar adotou uma novidade, uma revista pós jogo que foi publicada no dia seguinte ao jogo do Brasil com fotos e texto feitos pelos profissionais que cobriram o torneio, o Correio Braziliense (infelizmente ainda não tenho como colocar os arquivos porque a Hemeroteca da Bibilioteca Nacional ainda não disponibilizou e segue me enrolando, sabem porque pra quem me acompanha pelo TV em Brasília, mas tenho esperança de que ainda vão aparecer pois o pessoal retomou a digitalização que ficou parada por causa da pandemia) aproveitou a Copa pra lançar sua reforma tipográfica e que depois foi adotada em todo o jornal. Os fotógrafos que cobriram o mundial pelos órgãos de imprensa foram estes: pelos Diários Associados foram Cláudio Versiani pelo Correio Braziliense e Alberto Escalda pelo Estado de Minas, pelo Jornal de Brasília o fotógrafo foi Roberto Stuckert. No jornal O Globo a Copa de 1994 foi o último grande evento coberto por Aníbal Philot que seria misteriosamente assassinado em fevereiro de 1996 e o primeiro mundial da carreira de Ivo Gonzalez e ainda estava na equipe o fotógrafo Cezar Loureiro, no Jornal do Brasil os fotógrafos que documentaram o tetra foram Sérgio Moraes, atualmente trabalhando na Reuters e Olavo Rufino, no Estadão Fábio M. Salles fazia sua segunda Copa do Mundo seguida e tinha ainda Orlando Kissner, Masao Goto Filho e Wilson Pedrosa, fotógrafo então baseado em Brasília no centro do poder, pela Folha foram Antônio Gaudério, Pisco Del Gaiso e Ormuzd Alves, na revista Veja o fotógrafo enviado foi Marcos Rosa, pela Placar foram Pedro Martinelli e Nelson Coelho, Sérgio de Souza foi o fotógrafo de Manchete e Juca Rodrigues cobriu pela Istoé.

Breve histórico da Copa do Mundo de 1994 - disputada entre 17 de junho e 17 de julho nas cidades de Los Angeles, São Francisco, Detroit, Chicago, Dallas, Boston, Washington, Nova York e Orlando
  • Campeão: Brasil. Depois de 24 anos o Brasil enfim era tetracampeão mundial. O time dirigido por Carlos Alberto Parreira era pragmático e em sete jogos venceu cinco. Romário marcou cinco gols. O tetra da seleção foi dedicado ao piloto de Fórmula 1 Ayrton Senna que morria em 1º de maio em acidente no circuito de Imola durante o GP de San Marino.
  • Vice - campeã: Itália
  • Países participantes: 24. Foi o último mundial disputado com essa quantidade
  • Gols: 141 - média de 2,71 por partida
  • Jogos: 52
  • Artilheiros: Stoichkov (Bulgária) e Salenko (Rússia) - 6 gols cada, sendo que o russo fez 5 no jogo em que a Rússia goleou Camarões 

A série retorna no dia 28 relembrando a Copa do Mundo de 1998 na França, a Copa perdida por um inimigo invisível, o stress

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