O capítulo de hoje da série Copa na Imprensa é especialíssimo pois traremos aqui documentos históricos de jornais e revistas que documentaram uma das mais marcantes e vitoriosas epopeias de nosso futebol.
A Copa do Mundo de 1970 no México é lembrada por 10 entre 10 pessoas que viram a mais fantástica seleção de futebol que já foi formada. O Brasil de 1970 é considerado por muitos como um Dream team com a bola nos pés e tudo isso começou em 1969 quando o jornalista João Saldanha formou a seleção com suas feras e sobrou nas eliminatórias. O ano da Copa começou tumultuado pois Saldanha se demitiu do cargo de técnico pois não admitia interferências, para ser bem claro o presidente Médici sugeriu a escalação de Dario, o folclórico centroavante do Atlético Mineiro e a CBD chamou para dirigir o time Mário Jorge Lobo Zagalo que foi bicampeão como jogador.
Pela primeira vez o Brasil assistiu o evento via satélite e os brasileiros em sua maioria assistiu os jogos em preto e branco, pois a maioria dos aparelhos de TV na época eram em preto e branco e poucos viram em cores, pois somente dois anos depois a TV colorida seria implantada no Brasil.
Foram seis jogos memoráveis, cinco deles em Guadalajara e o estádio Jalisco foi o palco ideal. Pra começar um show de bola diante da Tchecoslováquia que saiu na frente com Petras, mas o Brasil chegou ao gol de empate ainda no primeiro tempo e Rivelino apresentava ao mundo a patada atômica. Na segunda etapa o show de bola foi completo com dois gols de Jairzinho e um de Pelé. O Rei começava o seu repertório de lances geniais com um gol que não fez ao chutar do meio de campo levando o goleiro Viktor ao desespero, mas a bola caprichosamente não entrou.
O segundo jogo foi contra os então campeões do mundo, os ingleses. E foi um jogo épico cheio de lances mágicos. Pelé novamente se destacou ao cabecear pro gol, mas o goleiro Gordon Banks fez uma defesa difícil e o gol da vitória saiu de uma jogada genial de Tostão, o passe milimétrico do Rei e o gol de Jairzinho.
O terceiro jogo foi contra a Romênia. O Brasil chegou a fazer 2 x 0 com Pelé marcando de falta e Jairzinho, a Romênia diminuiu com Dumitrache, Pelé fez o terceiro e Dembrowski fez o segundo gol romeno.
Nas quartas de final um duelo sul americano contra o Peru que era treinado por Didi. Foi o jogo de Tostão que fez dois gols e foi de fundamental importância. O Brasil chegava a semifinal.
Na semifinal fantasmas de 1950 estavam de volta, pois o nosso adversário foi o Uruguai e eles saíram na frente com Cubilla, mas o Brasil conseguiu o empate ainda no primeiro tempo com Clodoaldo. No segundo tempo veio o show de bola e os fantasmas foram expurgados. Jairzinho e Rivelino fizeram os gols e Pelé presenteou o mundo com mais dois lances de gênio: o rebote de voleio e o drible de corpo em Mazurkiewicz e o pecado da bola não ter entrado.
21 de junho de 1970. O estádio Azteca na Cidade do México foi palco da grande final que reunia Brasil e Itália. Duas seleções que era bicampeãs e quem vencesse ficaria em definitivo com a Taça Jules Rimet. O Brasil sai na frente. No cruzamento de Rivelino Pelé subiu mais que o zagueiro e mandou pro gol de Albertosi. A Itália empatou num lance de infelicidade de Clodoaldo e Bonninsegna só empurrou pro gol. No segundo tempo o Brasil deu mais um show de bola. Gérson com sua canhotinha de ouro desempatou, Jairzinho fez o terceiro e entrou pra história ao marcar gol em todos os jogos de uma campanha vitoriosa e para fechar o show uma jogada que passou por seis jogadores até a conclusão mortal e certeira do capita Carlos Alberto Torres. Brasil 4 x 1. Uma goleada que faz explodir a alegria de 90 milhões que se uniram na corrente pra frente. Brasil tricampeão, a Jules Rimet era definitivamente do Brasil.
Carlos Alberto ergueu a taça que era definitivamente nossa, era até que em dezembro de 1983 a taça foi roubada da sede da CBF e depois derretida.
Por ser uma copa especial a Copa do Mundo de 1970 nos meios de comunicação foi recheada de fotos espetaculares e a revista Manchete trouxe fotos espetaculares feitas pelos fotógrafos Jáder Neves e Orlando Abrunhosa além de uma edição memorável do tri. A revista Veja que tinha menos de dois anos de circulação lançou suas edições um dia depois de cada jogo do Brasil e a revista Placar que surgiu três meses antes do tri trouxe edições históricas sobre a conquista. Os fotógrafos que documentaram essa conquista foram estes: Erno Schneider (falecido neste ano) e Rodolfo Machado pelo Globo, Alberto Ferreira e Ari Gomes pelo Jornal do Brasil, Domício Pinheiro e Oswaldo Luiz Palermo pelo Estadão, Fernando Seixas pela revista O Cruzeiro, Lemyr Martins e Sebastião Marinho pela Placar e Veja que infelizmente acabou com seu acervo digital, sem previsão de retorno. Dos jornais brasileiros apenas o JB e o Correio Braziliense que não circulava às segundas feiras lançaram edições extras.
- Campeão: Brasil. Com o terceiro título entre as quatro Copas disputadas o país assegurou a hegemonia do esporte e ganhou em definitivo a Taça Jules Rimet com uma campanha espetacular de seis vitórias em seis jogos. A Jules Rimet acabaria sendo roubada e derretida em 1983
- Vice campeã: Itália
- Países participantes: 16
- Gols: 95 - média de 2,97 por partida
- Jogos: 32
- Artilheiro: Gerd Müller (Alemaha) - 10 gols
A série prossegue no dia 6 de julho destacando o mundial de 1974 na Alemanha onde surgiu o Carrossel Holandês e o futebol total.
0 Comentários